quinta-feira, 29 de março de 2012

O Filho rebelde

– Não tem jeito! Todo o dia, quando chego da faculdade, a

senhora está aí, esperando.

– Você sabe, meu filho, eu não consigo dormir até você

chegar.

bom, mas, agora que eu cheguei, pode ir deitar-se,

que me viro na cozinha. Vou fazer um lanche e já vou dormir.

Ela se levantou bastante sonolenta e se despediu de Jorge,

recolhendo-se ao quarto, pensando em onde estaria Damião.

Ela não sabia, mas Damião, naquela noite, estava com três

amigos, todos armados. Um deles, o Dino, carregava um revólver calibre 38. Outro, o Neco, estava com uma faca. Tião Baixinho,

uma pistola; e Damião, que estava comandando, portava

uma pistola 45mm. Eles planejavam assaltar um banco. Por dias

a fio, maquinavam tal ação. Já haviam marcado o dia e a hora.

Tudo estava cuidadosamente planejado, mas, naquela noite, eles

precisavam de dinheiro e não podiam esperar até o dia do assalto

ao banco. Tinham dívidas de drogas e precisavam comprar mais.

Os quatro foram para o ponto de ônibus, à espera do próximo

que passasse por ali. Eles pegaram um coletivo que não

estava muito cheio. Quando o veículo entrou na Rua Uranos,

gritaram: “É um assalto!”. Dois estavam na frente do ônibus, e

os outros ficaram na parte traseira. Dois deles, um vindo de trás

e outro pela frente, usurpavam dos passageiros carteiras, jóias e

tudo o que fosse de valor. Eles usavam palavras ameaçadoras.

Em tom áspero, diziam que matariam se fosse preciso. Essas palavras faziam as pessoas se encolherem de terror e entregavam

tudo o que tinham de valor. O ônibus, ainda em movimento,

dobrou à esquerda, na esquina que era o itinerário daquela

linha. Parado bem próximo à esquina estava um carro da polícia.

Os policiais faziam, naquela noite, uma ronda habitual e, ao

perceberem que estava acontecendo um assalto dentro daquele

ônibus, ligaram as sirenes e, pelo rádio, pediram reforços. Saíram

em perseguição ao ônibus. Damião, que havia ficado na frente

do ônibus, deu voz de comando para o motorista:

– Pára, pára logo esse ônibus.

Assim que veículo parou, ele gritou para seus companheiros:

– Vamos embora rápido, sujou geral.

Os quatro, nervosos e em pânico, tentaram sair dali da

maneira que podiam. Damião foi o primeiro a descer e, logo

atrás dele, veio o Dino. Eles olharam para trás e viram que

Tião e Neco ainda corriam pelo corredor do ônibus com muita

pressa para descer. Nesse momento, escutaram os estampidos

dos tiros, que vinham do carro de polícia que estacionara

atrás do ônibus. Os dois, como estavam do lado de fora, começam

a atirar contra os policiais, esgueirando-se na frente

do ônibus. Quando Tião desceu apressado, olhou para o carro

da polícia. Antes de se virar para fugir, foi atingido por um

tiro na barriga, e, ainda de pé, outro tiro atingiu-lhe o peito, e

ele caiu ao chão. Neco, que estava saindo do ônibus, quando

viu o companheiro caindo ao chão, desceu e correu desesperadamente

e foi atingido na coxa. Ele berrou:

– Fui baleado! Socorro, ajudem-me!

No entanto, o medo de ser baleado novamente fez com

que ele continuasse correndo, arrastando a perna. Damião e

Dino, temendo pelo pior, correram, atravessando a rua para o

lado oposto que Neco fugia. Os policiais saíram em perseguição

a Neco, que estava baleado. Como não podia atirar contra

os policiais, Neco só podia correr, enquanto, atrás de si, ouvia

os estampidos, e cada tiro o fazia temer o pior. Poderia ser fatal.

Os policiais se aproximavam rápido dele e, sabendo que não

conseguiria fugir, em desespero, parou. Virando-se para os policiais,

começou a gritar:

– Por favor! Não me matem, estou desarmado.

Os policiais pararam, olhando atentamente as mãos dele,

e como não viram coisa alguma, aproximaram-se e algemaram

suas mãos para trás. Enquanto voltavam para o local do crime,

ouviam-se várias outras viaturas da polícia que chegavam ao

local. No mesmo instante em que receberam o chamado para

aquela ocorrência, saíram em diligência à procura dos outros dois

elementos que fugiram a pé, em direção ao Morro do Mutirão.

Uma ambulância chegou ao local para socorrer as duas vítimas

que estavam baleadas, mas, para sua tristeza, Neco soube que

seria o único naquela ambulância, juntamente com dois policiais.

Tião estava no chão imóvel, sendo coberto com jornais velhos.

No dia seguinte, quando irmã Áurea voltava da campanha

de oração na igreja, como era o seu costume diário,

viu um carro da polícia estacionado em frente à sua casa. Os

piores pensamentos lhe sobressaltaram o coração. Quando

chegou,

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